segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Crepúsculo

                                  
As horas continuam a correr, correr como se não houvessem dias para que fossem por elas percorridos.
Tudo o que pude viver está sendo consumido pela tarda aurora dos dias que se põe sobre os montes.
A luz do sol dispersa as cores sobre os campos, o alaranjado me diz que já é tarde, e eu não posso evitar que o dia termine.
Os pássaros a leste, a oeste... Compõe a canção da despedida, num doce até logo o dia esvai por sobre os céus que se encerram num carrossel de nuvens rosadas.
Eu olho para a terra, e choro, seja por emoção ou saudade, seja por tristeza ou vaidade, eu choro... a luz é tão intensa que me cega, mas meus olhos conseguem ver o rio que corta o bosque por entres vales.
Embalo das águas tão constante e forte como a correnteza que rasga meu coração em pequenos fragmentos, que leva tudo para lugares inimagináveis, lugares tão distantes e altos como os pinheiros que acompanham as margens dessa vida natural.
O por-do-sol tão claro que não resta duvidas: a noite logo surgirá com seu negro caminhar por entre as pedras soltas por aqui, é hora de partir, de deixar as lembranças no chão onde encontro-me e dizer adeus.